Em contraposição a dois estudos desanimadores sobre os níveis de plástico nos oceanos divulgados em março, alunos angolanos de um curso técnico conseguiram transformar o material em gasolina pura capaz de movimentar uma motocicleta
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Por Ana Carolina Wolfe
Duas notícias divulgadas em março deste ano chamaram atenção para um problema ambiental cada vez mais grave: o volume de plástico nos oceanos. No relatório Foresight Future of the Sea Report, o departamento de ciência do governo do Reino Unido mostra que, até 2025, a quantidade de plástico nos oceanos será três vezes maior do que hoje. Atualmente, cerca de 70% de todo o lixo nos oceanos já é composta por plástico, material que conta com uma produção anual de 300 milhões de toneladas anualmente ao redor do mundo.
A outra notícia pouco animadora é um estudo publicado na Scientific Report que mostra o acúmulo de plástico na Grande Mancha de Lixo do Pacífico, como ficou conhecida a área do Oceano entre a Califórnia e o Havaí. De acordo com o estudo, há pelo menos 79 mil toneladas de plástico flutuando em uma área de 1,6 milhão de km², número quatro a dezesseis vezes maior do que o relatado anteriormente.
A única notícia animadora deste período com relação aos plásticos veio da cidade de Benguela, a segunda maior da Angola. Ali, no Instituto Médio Politécnico do Lobito, que equivale ao ensino técnico-profissionalizante no Brasil, um grupo de estudantes de petroquímica conseguiu fazer uma motocicleta ser movida a gasolina à base de plástico.
Sob supervisão do professor de engenharia química Carmo Lupito Bongue, os alunos realizaram as duas fases do processo de produção da gasolina, aquecendo os plásticos picados em uma panela de pressão adaptada que libera gases para o processo de condensação e trabalhando o líquido para transformá-lo em gasolina pura. Para os estudantes, a inspiração veio da necessidade de redução da quantidade de lixo plástico no meio ambiente e de uma gasolina de baixo custo.
Mesmo que em pequena escala, o empreendimento dos alunos de transformar plástico picado em gasolina rendeu uma boa repercussão na mídia angolana e a presença da equipe da TV Zimbo, a única rede privada de televisão no país, para acompanhar a primeira volta com a moto movida a plástico.
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