13 desafios socioambientais para os próximos anos
Será preciso um longo percurso para garantir que a sustentabilidade,
de fato, vire cultura no Brasil, mas não é impossível. Três especialistas dão dicas sobre isso
Se é por conta de desafios que novos percursos são trilhados, o Brasil tem uma grande potencialidade para os próximos anos quando o assunto é sustentabilidade. Com a troca do governo federal, muito há de ser feito e refeito para que temas como segurança hídrica, educação ambiental e conservação da biodiversidade, por exemplo, possam ser largamente praticados em sociedade. Pensando nisso, chamamos alguns especialistas nesses assuntos para elencar os desafios socioambientais de 2023 em diante.
“Estamos saindo de um processo de desmonte profundo, então vamos precisar passar por uma série de etapas para primeiro desmontar as estruturas perversas que foram montadas. A política ambiental brasileira sempre esteve apoiada em uma perspectiva democrática e participativa, sempre contou com muitos conselhos e comitês e essas estruturas foram todas desmontadas”, analisa Evandro Branco, doutor em Ciências Ambientais e servidor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O coordenador de sustentabilidade do Agir Ambiental, Rafael Girão, concorda. “O Ministério do Meio Ambiente foi desestruturado nos últimos anos. Os temas de atuação das secretarias foram afunilados e reduzidos às vontades pessoais dos secretários”, analisa ele, que é mestre em políticas públicas pela USP/ESALQ, e desde 2006 atua no terceiro setor e na área socioambiental.
Para Andrea Pupo, do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), além de difundir a ideia de que a biodiversidade e a conservação natural são a nossa maior riqueza, para que o Brasil volte aos trilhos será preciso encarar a educação ambiental como algo a ser praticado dentro das salas de aula, mas não só: “A educação ambiental tem que ser capaz de chegar a todos os ambientes da sociedade”, defende ela, que é mestra em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável e trabalha como educadora na rede pública de ensino.
Para começar a dar uma resposta concreta a essas situações, confira abaixo 13 desafios e as potencialidades apontados pelos três especialistas:
1. Recompor espaços de diálogo participativo
Segundo Evandro Branco, um primeiro movimento necessário para trazer de volta o tema da sustentabilidade para a pauta da agenda pública é revitalizar as estruturas favoráveis ao diálogo e à participação ativa nos temas ligados ao meio ambiente e à sustentabilidade. “Precisa-se haver um diálogo coletivo, para que as decisões não sejam tomadas apenas por um vetor dominante no processo”, completa ele. Evandro se diz otimista em relação ao novo governo: “Grande parte dessas estruturas participativas foram criadas durante os governos anteriores do Lula. Retomar a existência delas é um passo muito importante”.
2. Revitalizar os órgãos públicos
Órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) ou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) são de vital importância para a concretização das políticas públicas relacionadas ao meio ambiente. “O Ibama e o ICMBIO, assim como tantos outros órgãos desse tipo, foram sucateados, tiveram as suas chefias trocadas por pessoas com perfil não técnico e que não estavam alinhadas com a proteção ambiental. O INPE, onde eu trabalho, também está dentro dessa mesma perspectiva. Temos que reforçar essas instituições, porque não adianta ter boas intenções se não tivermos forma de operacionalizar essas políticas”, defende Branco.
“A participação do Lula na COP abre esperança para uma adesão de verdade à pauta climática”, comemora Evandro. “A política externa é importante, mas é interessante também perceber como ela pode se capilarizar e penetrar todas as áreas da sociedade”. Para ele, a posse do Lula, por si só, já pode mudar o clima institucional: “Alterando esse clima, a nossa expectativa é que isso desça para outros órgãos administrativos (estadual e municipal), que chegue nas cidades e até em estados e municípios não alinhados com essa pauta, porque o ambiente institucional federal modula muito! Pudemos perceber isso nos últimos quatro anos”, completa ele.
3. Controlar o desmatamento da Amazônia
“Durante os últimos anos, perdeu-se totalmente o controle do desmatamento da Amazônia, mas não só”, comenta Evandro. O Instituto onde ele trabalha, inclusive, é o responsável oficial pelo monitoramento das florestas. O INPE executa pesquisas no espaço exterior e ambiente terrestre brasileiro e funciona como uma unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Criado em 1961, o instituto utiliza três sistemas para mapear e acompanhar o desmatamento: o Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES), o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) e o sistema de mapeamento do uso e ocupação da terra após o desmatamento, o TerraClass. Os dados desses instrumentos estão em um portal chamado Terra Brasilis, que junta informações sobre o monitoramento do desmatamento, da degradação, de queimadas.
Confira abaixo o gráfico de monitoramento da devastação da Amazônia desde a criação do PRODES até hoje.
4. Valorizar a produção científica nacional
Com as limitações orçamentárias dos últimos anos, a produção científica relacionada ao meio ambiente (e não só) foi duramente afetada. “Para voltar a atrair cérebros que fugiram do Brasil é um trabalho de décadas. Destruir é mais fácil que construir”, explica Evandro. Embora, segundo ele, essa seja uma demanda importante, o servidor do INPE acredita que o próximo governo deverá dar prioridade a políticas emergenciais. “Não tenho a ilusão de que isso será o trabalho de uma gestão, deve ir além disso”.
5. Criar estratégias territoriais para prevenir e se proteger de desastres
“O caldo já entornou”, diz Evandro Branco. “Já estamos sofrendo os efeitos das mudanças climáticas. Temos então que pensar como cada território pode prevenir e se proteger dos efeitos catastróficos. Para isso tem uma série de iniciativas possíveis, como estruturas de monitoramento e a preparação para desastres naturais. É preciso se preparar para enchentes, alagamentos, deslizamentos, seca. Como que a gente prepara os territórios para isso?”
Os deslizamentos de terra nas estradas do Paraná que aconteceram no final de 2022, por exemplo, poderiam ter sido evitados caso, durante os últimos anos, a Defesa Civil tivesse mais apoio financeiro e a cultura da prevenção, como defende Branco, pudesse ter sido colocada em prática.
6. Construir alianças
“Estamos saindo de um processo muito tumultuado politicamente. Provavelmente não teremos um governo perfeito, 100% ecológico, mas já é um governo aberto ao diálogo. Se quisermos caminhar de uma maneira que dê certo, deveremos procurar buscar coalizões”, defende o servidor do INPE. “Acho que essa é a palavra para os próximos anos. E coalizão é uma palavra que foi muito banalizada nos anos anteriores. Pensamos o ‘presidencialismo de coalizões’ como se fosse uma coisa ruim, mas acho que no momento em que nós estamos deve ser algo que nós precisamos adotar. E coalizão é isso: construir alianças! Alianças que pensem em estruturas positivas para todo mundo. Lembrando que, nas alianças, a gente não vai ganhar sempre e a gente não vai ganhar integralmente”.
7. Repensar a educação ambiental
“Tanto Evandro Branco quanto Andrea Pupo, do IPÊ, concordam: a transformação do mundo começa com a educação. Com a conservação ambiental não é diferente. “Não é apenas abraçar árvores uma vez por ano. É preciso pensar a educação ambiental voltada para as capacidades adaptativas. Ou seja: como os territórios previnem os impactos das mudanças climáticas, como podem enfrentá-los e não deixar que eles se amplifiquem”, explica Branco.
Para Pupo, a educação ambiental pode ser mais efetiva se for apresentada como uma experiência, que pode ser feita dentro e fora da sala de aula, mas sempre de maneira crítica e participativa: “O aluno experimenta, conhece, põe a mão, vivencia cada momento, e aprende a respeitar o meio ambiente fazendo as coisas, não apenas assistindo uma palestra ou um vídeo”, afirma a educadora.
E para a adaptação e combate às mudanças climáticas, o caminho é o mesmo. “As crianças e os jovens de hoje vão ser a geração mais afetada pelas mudanças climáticas. Isso é um fato. Mesmo que a gente pare de emitir gases de efeito estufa hoje, eles ainda assim sofreriam, porque esses efeitos já estão acontecendo, não tem como retornar. Eles precisam, então, saber o que está acontecendo, e saber também que quando eles estiverem adultos e criando os filhos deles, eles serão fortemente afetados pelos eventos climáticos extremos. A gente precisa aprender a se adaptar a isso”, reflete Andrea Pupo. De acordo com a educadora, desenvolver estratégias criativas, como o consumo consciente, o trabalho em conjunto, a mobilização popular por exemplo, podem ser um caminho possível.
De acordo com Andrea, a educação ambiental tem que ser capaz de chegar a todos os ambientes da sociedade. Estar nos negócios, no comércio, nos serviços. E isso não significa que a educação ambiental tenha de deixar de ser formal ou de ser oferecida nas escolas. “Mas ela precisa furar essa bolha, esse estigma de que as coisas só podem acontecer nas escolas. Não. A sociedade precisa ser educada ambientalmente. A educação ambiental precisa estar no supermercado, na igreja, no templo, na indústria, nos shopping centers, na praça, em todos os lugares. Todos os lugares precisam educar ambientalmente as pessoas para que elas entendam minimamente alguma coisa sobre a sustentabilidade”.
Ela explica que “entender minimamente” é saber reconhecer, por exemplo, o papel de uma árvore e para que ela existe e os serviços ecossistêmicos que ela proporciona. Mas é, também, entender que todos os seres vivos têm um papel, uma função ecológica, e que quando a gente provoca as condições para a extinção de uma espécie, perde-se um elo de biodiversidade que estará rompido para sempre. Deixaremos de ter um ou mais serviços proporcionados por aquela espécie.
8. Conservar e valorizar a biodiversidade
Embora a educação ambiental seja um ponto chave para garantir que a fauna e a flora brasileiras sejam realmente diversas, um dos desafios para os próximos anos é reforçar as áreas de conservação ambiental. “Conservar é garantir que as espécies estejam presentes nos seus respectivos biomas e estejam em equilíbrio com as outras espécies”, informa Andrea Pupo.
Pupo reforça ainda a importância das Unidades de Conservação (UC) para a conservação ambiental. Para ela, é nas UCs que as pessoas podem interagir com o meio ambiente da melhor forma. “Ali elas podem virar a chavinha na cabeça para o que é de fato a conservação, podem entender as interconexões, o que seria um serviço ecossistêmico e a importância de uma formiga que seja”.
Estima-se que 20% da biodiversidade do mundo caiba dentro das demarcações territoriais do Brasil. De acordo com Pupo, uma Unidade de Conservação bem estruturada e organizada é um potencial grandíssimo para o turismo. “Perdemos muito dinheiro não incentivando isso. Temos diferentes biomas, um mais lindo que o outro, praias belíssimas e parques nacionais fantásticos. Tudo isso gera muito dinheiro… A nossa maior riqueza é a biodiversidade”. Para ela, é preciso desassociar a ideia de que a riqueza do Brasil vem somente da monocultura extensiva. “O agronegócio gera riqueza para pouquíssimas pessoas, e os prejuízos ambientais que ele produz é que são compartilhados com todo mundo: a poluição do solo, da água, a perda da biodiversidade…, mas é possível construir uma economia forte, sólida, com a floresta em pé e todos os demais biomas brasileiros. Nós somos uma superpotência em biodiversidade e precisamos nos orgulhar disso”.
9. Revalorizar a agricultura familiar e orgânica
Se você tem condições de escolher o que consumir, vale a pena pagar um pouco mais caro por um produto orgânico, já que, para conseguir o selo, o produtor se responsabiliza por uma série de medidas ambientais que vão desde o cuidado com o solo, com a água e os dejetos, até as condições de trabalho de quem produz. “Ao comprar uma maçã orgânica, você pode ter certeza de que o agricultor que esteve por trás do processo pode receber uma licença paternidade se houver necessidade, por exemplo, assim como todos os seus direitos como trabalhador”, pontua Andrea.
Ana Carolina Wolfe, coordenadora de comunicação do Agir Ambiental, concorda, muito embora faça uma ponderação: “Eu acredito que o desafio maior aqui será em tornar a agricultura familiar e orgânica como uma potência. Os governos anteriores conseguiram colocar em evidência a agricultura familiar fazendo, por exemplo, com que as escolas valorizassem mais os alimentos que vinham destes produtores. O último governo acabou com isso”.
10. Olhar para o meio ambiente como um todo
O gestor ambiental Rafael Girão, do Agir Ambiental, defende que um dos desafios para os próximos anos é perceber a sustentabilidade como algo que envolve todas as dimensões do planeta, incluindo a vida humana e as suas dinâmicas. “Um desafio que a gente tem é voltar a compreender o meio ambiente como algo integrado. Fazendo um jogo de palavras, é pensar o meio ambiente como algo inteiro, não só ‘meio’”’.
Para ele, é impossível decidir focar em um só aspecto ambiental e desconsiderar todos os outros. “Para pensar na água, por exemplo, tenho que garantir que ela possa infiltrar no solo, e que não seja contaminada. Mas é preciso pensar também nas pessoas que estão ali e que estão com fome, que precisam gerar algum tipo de renda. É preciso pensar na fauna, na polinização das plantas da região, do equilíbrio da vegetação, em evitar a erosão do solo”.
11. Contornar a crise hídrica
A escassez de água e a crise hídrica não são novidades no Brasil. Trata-se de um problema antigo, basta lembrar do fenômeno de migrações do Nordeste do país no final do século XIX e durante todo o século XX, em ciclos de maior ou menor intensidade. Uma estratégia para começar a colocar um basta nesses fenômenos “é pensar a bacia hidrográfica de forma integrada: identificar quais comunidades estão presentes no território, que tipos de indústrias existem e que tipos de atividades econômicas acontecem. Existem microbacias interconectadas em um grande território e tudo o que acontece em uma delas, impacta todo o resto”, explica Rafael Girão.
De acordo com a experiência no Recarrega, projeto de recarga hídrica do Agir Ambiental, Rafael orienta que através da identificação das características do território de uma bacia hidrográfica, pode-se chegar a áreas estratégicas para a “produção de água”. “As áreas mais intactas de vegetação são estratégicas para a retenção da água. É preciso bolar estratégias para manter essas florestas de pé”. Em áreas com potencial turístico, por exemplo, precisa-se conscientizar a população local e as prefeituras de que, poluindo a água, pode-se perder a sua principal fonte de renda.
“As plantações de banana em áreas acidentadas, por exemplo, são péssimas para a retenção de água no solo, porque as raízes da banana não são profundas. As atividades econômicas precisam existir nas comunidades, sem prejudicar a água do local, porque isso prejudica os próprios negócios, e as comunidades de toda a bacia hidrográfica”, explica Rafael.
12. Integrar a preocupação ambiental com a social
Ainda tomando como exemplo um produtor de bananas, Rafael explica o que seria um tipo de tecnologia social integrada: “Por ele provavelmente estar mais isolado da cidade, ele possivelmente está sem acesso a um sistema de saneamento básico. É preciso chegar nesse território e considerá-lo como um todo. Se existir erosão no solo, é preciso pensar em um manejo sustentável. Para isso, existem várias técnicas: cacimbinhas para segurar a água é uma delas, ou o próprio sistema agroflorestal, por exemplo. Se o produtor tiver problema em conseguir água para o próprio consumo, é preciso pensar na captação da água da chuva. Para o descarte dos dejetos, por que não pensar em reciclar os orgânicos em um projeto de compostagem? Assim várias tecnologias sociais são disponibilizadas em comunidades rurais ou urbanas. É preciso pensar nas florestas, mas sem desconsiderar as comunidades”.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e as suas respectivas metas são um bom raio-x dos desafios socioambientais do planeta. E eles já estão sendo usados como meta e parâmetro de análise de territórios em todo o mundo, por parte de organizações públicas e privadas. Dentro dos ODS, ao contrário do que se imagina, existem questões que, aparentemente, não estariam diretamente relacionadas ao clima e à biodiversidade, como a igualdade de gênero e de oportunidades entre homens e mulheres, por exemplo. Apesar de parecerem desconexos, os temas sociais estão dentro do meio ambiente, porque não existe nada no mundo que, feito de uma maneira excludente, não impacte uma realidade maior. “Os ODS trazem esse alerta que temos um mundo só e que está tudo interligado”, reforça Rafael.
“O fato de trabalhar com a água no Recarrega nos possibilita pensar as questões relacionadas à renda e, também, à situação das mulheres. O Recarrega em São Paulo trabalha com mulheres em situação de vulnerabilidade. Um dos pontos que a gente percebe que pode gerar essa desigualdade salarial é a pobreza menstrual. O fato de a mulher não ter dinheiro para ter um absorvente à disposição, faz com que ela precise faltar na aula, no trabalho, ou usar métodos que são perigosos para a sua saúde íntima, como jornal e outros materiais”
O Recarrega, ao invés de simplesmente distribuir absorventes descartáveis, trabalha com a confecção de absorventes reutilizáveis e mais favoráveis ao meio ambiente. O que, no fim, pode virar também uma cooperativa como fonte de renda para as mulheres da região. “O ciclo fica tão integrado que garantir a presença da água no local é o que possibilita a existência de um absorvente de pano reutilizável. Porque, sem água, elas não conseguiriam lavá-lo depois de usado”.
13. Pensar global, agir local
Por último, Rafael Girão dá uma dica. Para as questões socioambientais o caminho é valorizar o local, privilegiar produtores locais, garantir que o lixo seja recolhido da melhor forma, pensar em reciclagem do lixo e em compostagem para o descarte de orgânicos. “No local, você minimiza outros tipos de impacto. Se eu fizer a compostagem na minha casa, não preciso de um caminhão para fazer a coleta do meu lixo orgânico. Caso contrário, haverá um caminhão que recolherá, levará para uma cidade distante, e voltará de lá vazio. É preciso valorizar alimentos locais, que não precisam de um longo transporte, o que acarreta uma menor dependência de outras regiões do país, e uma menor dependência também da variação do custo final do produto dependendo da alta do valor dos combustíveis. Do lado de casa pode ter alguém que produz alimento, e pode-se sempre fazer uma horta comunitária”.
Expediente
Edição | Ana Wolfe
Reportagem | Gustavo Monteiro
Infografia e design gráfico | Tayná Gonçalves
Foto de capa | unsplash